terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Incongruent

Polidoro,

First, half.
Suddenly, happens.
Than, complete.
Again, change.
After, dream.
Later, life.
Now, uncertain.
Always, love.

An english letter for you my dear. Who knows what future is planning for us. No matter what, you'll be here, as you are. And I'll be there, as I am. Nothing and no-one can change that. Never.

Yours faithfully, your dear.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

41.

O silêncio que sai do som da chuva espalha-se, num crescendo de monotomia cinzenta, pela rua estreita que fito. Estou dormindo desperto, de pé contra a vidraça, a que me encosto como a tudo. Procuro em mim que sensações são as que tenho perante este cair esfiado de água sombriamente luminosa que [se] destaca das fachadas sujas e, ainda mais, das janelas abertas. E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, naõ sei o que penso nem o que sou.

Toda a amargura retardada da minha vida despe, aos meus olhos sem sensação, o traje da alegria natural que usa nos acasos prolongados de todos os dias. Verifico que, tantas vezes alegre, tantas vezes contente, estou sempre triste. E o que em mim verifica isto está por detrás de mim, como se debruça sobre o meu encostado à janela, e, por sobre os meus ombros até a minha cabeça, fita, com olhos mais íntimos que os meus, a chuva lenta, um pouco ondulada já, que filigrana de momento o ar parto e mau.

Abandonar todos os deveres, ainda os que nos não exigem, repudiar todos os lares, ainda os que não foram nossos, viver do impreciso e do vestígio, entre grandes púrpuras de loucura, e rendas falsas de majestades sonhadas... Ser qualquer coisa que não sinta o pesar de chuva externa, nem a mágoa sa vacuidade íntima... Errar sem alma nem pensamento, sensação em si-mesma, por estrada contornando montanhas, por vales sumidos entre costas íngremes, longínquo, imerso e fatal... Perder-se entre paisagens como quadros. Não-ser a longe e cores...

Um sopro leve de vento, que por detrás da janela não sinto, rasga em desnivelados aéreos a queda retilínia da chuva. Clareia qualquer parte do céu que não vejo. Noto-o porque, por detrás dos vidros meio-limpos da janela fronteira, já vejo vagamente o calendário na parede lá dentro, que até agora não via.

Esqueço. Não vejo, sem pensar.

Cessa a chuva, e dela fica, um momento, uma poalha de diamantes mínimos, como se, no alto, qualquer coisa como uma grande toalha se sacudisse azulmente esssas migalhinhas. Sente-se que parte do céu já está aberta. Vês-e, através da janela fronteira, o calendário mais nitidamente. Tem uma cara de mulher e o resto é fácil porque o reconheço, e a pasta dentífrica é a mais conhecida de todas.

Mas em que pensava eu antes de me perder a ver? Não sei. Vontade? Esforço? Vida? Com um grande avanço de luz sente-se que o céu é quase todo azul. Mas não há sossego - ah, nem o haverá nunca! - no fundo do meu coração, poço velho ao fim da quinta vendida, memória de infância fechada a pó no sótão da casa alheia. Não há sossego - e ai de mim!, nem sequer há desejo de o ter....

Fernando Pessoa. Livro do Desassossego (p. 72-73)


Polidoro, o meu desassossego não está sozinho em um dia chuvoso....

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

In or out?

Roda mundo gigante, roda.
Vamos, ou fica pra próxima?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Dez.

Polidoro,

Dezembro,
chuvas,
falta.

Completo,
longe,
até.

Quando,
amor,
nós.

Vamos,
agora,
não.

Espere,
feche,
um.